A cesárea é um parto cirúrgico que salva vidas, essa especialidade médica zela pela saúde e vitalidade de mamãe e bebê.
Por outro lado, quais são as Indicações reais de cesárea?
Seguem a baixo os principais casos onde a cesárea é realmente necessária e assim trazendo a alegria do nascimento.
Placenta prévia total
Placenta prévia ou placenta de inserção baixa, é uma complicação da gravidez que se dá quando a placenta se encontra implantada na parte inferior do útero.
Dessa forma, esse posicionamento pode cobrir parcial ou totalmente o colo do útero, dificultando ou impossibilitando o nascimento pela via natural.
A placenta é o órgão que faz a ligação entre bebê e mamãe através do cordão umbilical e líquido amniótico.
Sendo então responsável pela nutrição e proteção do bebê em desenvolvimento.
Durante o segundo trimestre de gestação, conforme a parte inferior do útero vai se esticando, a placenta pode se deslocar.
Dessa forma causando sangramento e quando há obstrução total do colo do útero (placenta prévia total), a cesárea se faz necessária para que o nascimento possa acontecer.
Descolamento de placenta
Essa é uma complicação séria na gravidez que precisa de um acompanhamento bem atento e as vezes uma ação rápida de médicos e equipe.
A placenta se desprende da parede do útero antes do parto, dessa forma impossibilitando a oxigenação e nutrição do bebê em formação.
Quando o descolamento é parcial, pode haver tratamento com acompanhamento médico e repouso.
Bem como a indução do parto também pode ser uma indicação, dependendo da proximidade da data prevista do parto (DPP).
Porém dependendo do grau de descolamento da placenta, a cesárea será fundamental para garantir o bem estar de mamãe e bebê.
Bebê transverso
Durante a gestação o bebê se movimenta bastante e em cada ultrassom ele pode estar em uma posição diferente.
A partir do terceiro trimestre de gestação, o espaço no útero diminui e o bebê começa a tomar uma posição onde a cabeça dele se encaixa na pelve (Cefálico), o que corresponde a 95% dos casos.
Entretanto pode ser que ele adote uma posição com as pernas para baixo (Pélvico) ou fique atravessado no útero (Transverso).
O caso clínico chamado de bebê transverso acontece 1 a cada 200 gestações, mas quando acontece requer intervenções, já que impossibilita o nascimento natural.
Perto do final da gestação um obstetra muito técnico e experiente pode fazer uma manobra chamada Versão Cefálica Externa (VCE).
Ou seja o obstetra entende exatamente o posicionamento do bebê e então manuseia a barriga da gestante afim de virar o bebê para cefálico.
Em contrapartida se na DPP o bebê ainda se encontrar transverso ou o trabalho de parto começar e ele ainda estiver nessa posição, a única alternativa é fazer uma cesárea.
Eclâmpsia
Essa é uma doença muito séria na gravidez.
O bebê libera proteínas e quando há uma rejeição pelo corpo da gestante (resposta imunológica) as paredes dos vasos sanguíneos são agredidas.
Causando:
- Vasoconstrição;
- Dor de cabeça;
- Dor de estômago;
- Perturbações visuais;
- Sangramento genital;
- Convulsão;
- Coma.
A eclâmpsia é a progressão da hipertensão arterial específica da gravidez, chamada de pré eclâmpsia.
A pré eclâmpsia, quando aparece, é percebida ainda no segundo trimestre de gestação.
Seus sintomas principais são:
- Hipertensão arterial;
- Inchaço nas pernas;
- Aumento exagerado de peso.
A pré eclâmpsia pode ser controlada e assim seguir para um parto normal ou quando existe uma leve progressão, a indução do parto pode ser indicada pelo médico.
Entretanto quando a progressão é rápida ou sem controle a intervenção via cesárea vai interromper o parto antes que se torne uma eclâmpsia.
Preservando assim a vida de mamãe e bebê.
Síndrome de HELLP
Mesmo que possa ocorrer de forma isolada, a síndrome de HELLP pode vir como complicação da pré eclâmpsia.
De acordo com especialistas, por volta de 8% das gestantes que sofrem de hipertensão específica da gravidez desenvolvem essa síndrome.
HELLP vem da abreviação em inglês, que significa:
H – hemolysis (hemólise) – fragmentação das células do sangue;
EL – elevation of liver enzymes (elevação das enzimas hepáticas);
EP – low platelet count (baixa contagem das plaquetas).
É facilmente confundida com pré eclâmpsia grave, no entanto quando essa síndrome se agrava provoca edema agudo dos pulmões, insuficiência renal, falência cardíaca, hemorragias e ruptura do fígado.
Quando há confirmação dessa síndrome, a gestação tem que ser interrompida para evitar seus malefícios (indução do parto quando a DPP está bem próxima ou cesárea em qualquer momento da gestação).
Prolapso de cordão
Esse caso clínico que acontece em menos de 1% das gestações, ocorre quando o cordão umbilical sai do útero antes do bebê.
O Prolapso de cordão acontece quando há ruptura da bolsa amniótica antes do encaixe do bebê,
… dessa forma o cordão umbilical passa pelo colo do útero podendo até ficar exposto.
O problema é que quando o bebê entra na fase expulsiva do trabalho de parto, comprime o cordão umbilical, impedindo assim o fluxo de sangue (oxigenação e fonte de energia).
O Prolapso de cordão pode levar a súbita diminuição da frequência cardíaca fetal, assim caracterizando uma emergência obstétrica que leva a cesárea, devido ao risco de vida do bebê.
Herpes genital ativa
O vírus da herpes pode passar para o recém nascido durante sua passagem pela genital com lesões ativas.
Lesões ativas de herpes genital (próximo da DPP ou durante o trabalho de parto) impossibilitam o nascimento pela via natural, sendo assim a indicação é cesárea.
Mesmo que algumas diretrizes não impeçam o parto normal, quando:
- As lesões estão secas;
- Não for a primeira manifestação da doença;
- É feita a profilaxia com medicamentos semanas antes do parto;
Se deve fazer um exame minucioso para evitar o contágio do bebê.
Já que essa infecção neonatal é muito grave e precisa de internação, assim como tratamento intravenoso com medicação antiviral.
Frequência Cardíaca Fetal não Tranquilizadora
Durante o trabalho de parto, a frequência cardíaca do bebê é monitorada através de ausculta.
Normalmente a cada 30 minutos na fase ativa do trabalho de parto e a cada 5 – 15 minutos na fase expulsiva.
Desse modo, quando padrões anormais de ausculta são encontrados, podem demandar a realização de cardiotocografia (CTG) intraparto.
Quando uma frequência cardíaca fetal não tranquilizadora (antigamente chamada de “sofrimento fetal”) é identificada, a intervenção médica é iminente.
Problemas na frequência cardíaca, bem como privação de oxigênio trazem sérios riscos ao bebê.
Dessa forma levando muitas vezes a abreviação do parto, quando na fase expulsiva pode ser um parto instrumental (se for o caminho mais rápido) ou cesárea em qualquer fase do trabalho de parto.
Parada de progressão
Dá-se quando no trabalho de parto (já bem avançado) a progressão para.
Ou seja, o trabalho de parto estaciona, a descida e/ou rotação do bebê param e até mesmo a dilatação e contrações não progridem.
E mesmo não havendo um limite bem definido de espera para um parto normal, cada caso de parada de progressão deve ser individualizado.
Entretanto quando exercícios e posturas para auxiliar a retomada do trabalho de parto, correção nos padrões de contração e amniotomia (ruptura manual da bolsa amniótica) não trazem resultados, a indicação é cesárea.
Desproporção cefalopélvica
Esse é um caso clínico difícil de diagnosticar, muitas vezes só é diagnosticado durante o trabalho de parto.
A desproporção cefalopélvica acontece quando a cabeça do bebê e a pelve da gestante não são proporcionais.
Podem haver várias causas, como por exemplo:
- Bebê macrossômico (peso igual ou superior a 4kg e percentil acima de 90);
- Problema ortopédico no quadril da gestante (causado por acidente, malformação ou genética);
- Deflexão (quando o bebê não está encaixado com o topo da cabeça);
- Assinclitismo (a cabeça do bebê não está alinhada com o canal do parto);
Independentemente dos fatores que levaram ao diagnóstico, os casos de desproporção cefalopélvica são apenas confirmados durante o trabalho de parto…
e antes que se torne uma real indicação de cesárea, cada caso deve ser analisado com bastante cuidado
Vasa Prévia e Inserção Velamentosa de Cordão Umbilical
A vasa prévia é uma complicação grave.
Coexistindo com a inserção velamentosa de cordão umbilical, se tornam um caso clínico que requer intervenção médica.
Por que é tão grave?
- Os vasos umbilicais atravessam as membranas fetais antes de sua inserção na placenta;
- Grandes vasos sanguíneos ficam expostos e desprotegidos;
- As membranas do cordão umbilical e vasos sanguíneos expostos seguem muito próximos ou atravessados na abertura do colo do útero;
- Perto do início do trabalho de parto as membranas se rompem, ao mesmo tempo que os vasos também podem se romper devido a compressão (ruptura de vasa prévia);
- A consequência dessa ruptura é sangramento intenso que requer uma cesárea emergencial.
A vasa prévia é um caso raro, diagnosticado por ultrassonografia ainda no pré-natal.
Sendo acompanhada de forma mais intensa após 28 semanas de gestação, para determinar se o bebê está em sofrimento.
Apesar de todo acompanhamento, a cesárea é necessária e se costuma realizá-la entre 34 e 37 semanas de gestação ou até mesmo antes se houver complicações.
Indicações de Cesárea – Conclusão
Todas as indicações reais de cesárea, quando somadas, equivalem de 10% a 15% das gestações.
Entretanto o Brasil ainda é um dos líderes mundiais em números de partos cesáreas realizados.
Boa parte disso se dá à prática de médicos afim de organizarem suas rotinas, assim como direcionamentos hospitalares para uma agenda determinada, tudo por uma questão de logística.
Outra parte se dá pela pouca informação passada a gestante durante o pré natal sobre questões de parto e acabam sendo direcionadas para uma cesárea.
Certamente porque nos atendimentos nas redes públicas e convênios, o tempo de consulta é breve, prejudicando as informações sobre os tipos de parto que existem, riscos da cesárea e procedimentos de urgência.
A cesárea é um parto cirúrgico que salva vidas, porém quando feita de forma indiscriminada eleva a taxa de mortalidade e morbilidade de mamãe e bebê.
Sua prática desnecessária também está relacionada a:
- Imaturidade pulmonar do recém nascido;
- Problemas na amamentação;
- Maiores índices de depressão pós parto;
- Aumento na incidência de internação neonatal.
Você pode buscar mais informações sobre a humanização do parto nas recomendações da OMS – Organização Mundial da Saúde ou ainda conhecer os benefícios do parto humanizado.
Deixe nos comentários sua opinião ou dúvidas sobre as indicações de cesárea.